quinta-feira, 9 de julho de 2015

Nove de Julho precisa anexar o Brasil



Hoje é 9 de Julho. Nessa data, em 1540, Henrique VIII celebrava a dissolução do seu casamento com Ana de Cleves para aventurar-se em novas núpcias. Nesse mesmo dia, mas em 1810, Napoleão anexava oficialmente os Países Baixos ao seu império, que não duraria. Em 1816, a Argentina proclamava sua independência da Espanha, para tornar-se peronista até os fins dos tempos, ao que parece. Já em 1887, guardanapos foram usados pela primeira vez, em um jantar.
Não menos importante, hoje também é a data que se comemora a Revolução Constitucionalista, movimento armado que procurou derrubar o governo provisório de Getulio Vargas e promulgar uma nova constituição para o Brasil. Veio em resposta ao ano de 1930, quando cessou a autonomia dos estados.
Data cívica a mais importante do calendário paulista,   ela celebra a luta que se prolongou por 87 dias e deixou mais de 900 mortos. Ao fim do conflito, os paulistas depuseram as armas, derrotados militarmente. Então , começou a guerra que de fato traria a vitoria: a das palavras! Thomas Skidmore,  historiador e brasilianista, diz com precisão que "desprovidos de armamento, os paulistas revidaram com palavras". No mesmo ano da submissão, 1932, a industria editorial paulista publicou 177 títulos. Desses, 30 versavam sobre o episódio recém findo e cem por cento dos seus conteúdos procuravam mostrar como essa brava gente havia, na verdade, vencido. No ano seguinte, mais 40 volumes foram produzidos para veicularem a mesma mensagem de jubilo. Até o ano de 1938, mais 84 livros chegaram ao publico. Funcionou: pouco tempo depois, o Estado voltou a ser governado por um paulista, e em 1934 uma nova constituição foi promulgada.Pena que não tenha durado. Em 1937 Getulio dá um novo golpe e instaura o Estado Novo. E também lança mão de textos, produzidos por seus intelectuais, para esvaziar de sentido os acontecimentos de 32.
Tudo isso teria sido diferente se São Paulo tivesse conseguido aglutinar em torno de si outros centros urbanos da Federação. Entretanto, as exigências de reforma constitucional se misturaram e se confundiram com uma tentativa de separatismo regionalista, o que afugentou eventuais aliados. E para não perder mais simpatizantes à nossa causa, que é de ser sempre contra a tirania, não devemos nos desmobilizar: a guerra das palavras continua. Precisamos sempre manter acesa a chama que ilumina o monumento aos preceitos liberais que nortearam o chamamento ao combate. Porque senão, eles conseguirão fazer do divorcio de Henrique VIII um acontecimento mais importante. Ou do lançamento do guardanapo, quem sabe! Lembremos:  é feriado só em nosso Estado. Fora daqui, eles nem sabem o que é 9 de Julho.

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