segunda-feira, 12 de agosto de 2013

POLITICA SIM, POLITICALHA NÃO!




Não foram poucas as ocasiões em que pensei em tentar uma carreira na política. Sem muito cérebro ou ambição, e satisfeito com minha escolha já antiga em ser professor, no entanto, nunca arrisquei uma candidatura. E fiz bem: por todos os lados que se queira considerar, só há pontos negativos. Seria uma vida muito menos prazerosa, muito mais estressante, com a certeza de oposição sem cortesia e uma grande possibilidade de desiludir-me. 
Mas ainda assim, não há como negar que Política , com P maiúsculo, é a mais urgente e necessária das profissões. As recentes atividades nas esferas do Executivo e Legislativo deixam claro que precisamos de pessoas melhores por lá, pessoas mais inteligentes, com senso moral mais aguçado e um propósito firme e sólido de promover o bem comum.  E o que vemos nos desanima: altos cargos são ocupados por indivíduos interessados em si próprios, sem a mínima estatura cívica e com uma capacidade de resolver conflitos abaixo de um síndico de prédio.
Os capacitados, e não me incluo entre eles, com todas as qualidades já mencionadas, procuram opções mais lucrativas, atraentes e  úteis, mais adequadas para quem é honesto e   talentoso. Não querem meter-se em maracutaias, nem entrar em debates de doidos. Evitam um ambiente onde a negociata é a regra e não a exceção. O resultado é que os partidos políticos abarrotam-se de gente sem a menor condição de construir a vida política das democracias ou conduzir programas que ajudem o desenvolvimento do País. 
Quando vamos às urnas, acreditamos que as pessoas de nossa escolha irão realmente fazer leis, cumprir regras, salvaguardar o interesse da nação... enfim, usar o recém adquirido poder de modo sábio para criar impostos, definir crimes e suas punições e vigiar o patrimônio público. Mas obtemos exatamente o oposto: locupletam-se , destroem, desprezam-nos e  o Brasil caminha de lado, algumas vezes para traz, quando podia pontear entre as grandes nações do mundo.
Nas próximas eleições, eu votarei, claro! Mas confesso que desiludido e tentado a fazer como um amigo, que há anos tem anulado o voto.          

sexta-feira, 12 de julho de 2013

UM POEMA


Funeral Blues 
(W. H. Auden. Tradução de Érica Loise Tomazini)

Parem o tempo, interrompam as comunicações
Com grandes  ossos, façam calarem-se os cães
Silenciem os pianos e com tambores abafados
Tragam o caixão e o cortejo dos desolados

Aviões circulem sobre o horto
E escrevam no céu Ele Está Morto
Enfeitem os pombos com fitas escuras
Façam os guardas nobres figuras

Ele era meu norte, meu sul, meu leste e oeste
Minha semana de trabalho, meu prazer inconteste
Meu meio-dia, meia-noite, minha conversa e meu Fado
Eu pensava que o amor era eterno, e estava errado

As estrelas não são bem vindas agora, que as expulsem
Embrulhem a lua, o sol desmanchem
Removam o oceano e varram a mata
Eis que tudo agora servirá a nada.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

ETIAM PER ME BRASILIA MAGNA
Nosso País tem sido o cenário de gigantescas manifestações ao mesmo tempo em que é palco da Copa das Confederações, ensaio para o evento maior da Copa do Mundo. Apesar da razão dos protestos ser confusa, um grito é sempre ouvido oriundo do barulho das ruas: há estádios de futebol brilhando de novo enquanto os hospitais e escolas estão em estado lastimável. Não há estradas, não há segurança. 
Mesmo a promessa de que as cidades-sedes teriam obras de infra-estrutura para atender a demanda provocada pelo evento não foi atendida. Os novos corredores de ônibus, linhas de metrô e trens não saíram do papel. Essas cidades terão feriado para reduzir o tráfego nos dias dos jogos.
Para mim , isso demonstra claramente um nível de improvisação inaceitável para uma nação que quer ser o destino de grandes celebrações.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Vamos ter mais filhos

Inegavelmente, os padrões de vida têm aumentado no mundo ocidental. Vive-se melhor do que cinquenta  anos atrás. O problema é que  esse aumento vem acompanhado de um declínio nas taxas de natalidade na maioria dos países desenvolvidos. Isso pode acarretar varias dificuldades, que incluem crescimento econômico não-sustentável - devido a falta de mão-de-obra.
Varios governos têm implementado políticas de incentivo para o aumento do numero de nascimentos em seus países. E muitas dessas medidas visam encorajar os casais a terem mais filhos para terem uma vida mais significativa. Está implícito nessas campanhas que a razão para as pessoas não terem filhos é uma visão materialista da vida e preocuparem-se mais com prazeres mundanos, prazeres que envolvem puramente o egoísmo individual e o medo de perder noites de sono por causa do choro de bebês. Pode até ser verdade, mas certamente há outros fatores em jogo na baixa natalidade. O que me vem à cabeça de pronto é o maior nível de educação , um maior uso das tecnologias disponíveis para contracepção e a ideia de que , como vivem mais, a paternidade pode esperar um pouco mais.
O mundo está mesmo ficando mais rico, com crescimento econômico e avanços tecnológicos  reforçando a sensação de um melhor padrão de vida. É mesmo verdade que as pessoas estão mais materialistas e não surpreende ninguém que os jovens hoje em dia estejam preocupados mais com suas carreiras e bolsos do que com a família. A noção de que o dinheiro ocupa corações e mentes das pessoas parece evidente e pode ser ilustrada pelos recentes números divulgados na Inglaterra. Lá, o total  de nascimentos em 2011 foi  algo em torno de 800 mil crianças. E 200 mil eram filhos de imigrantes. Isso é 1/4 dos recém-nascidos. Aqui chegamos ao verdadeiro cerne da questão: o problema não é a futura falta de trabalhadores - a tecnologia resolverá isso. A ameaça consiste em que o OCIDENTE tem diminuído sua taxa de natalidade, mas o oriente, junto com a Africa, apresentam estatísticas firmes quando se trata do nascimento de bebês.
Li em algum lugar que em 40 anos a França deixara de ser gaulesa para tornar-se uma nação de muçulmanos, se o aumento do numero de imigrantes e filhos de imigrantes mantiver nos ritmos atuais.  A ideia de uma civilização que desenhou a democracia e seus valores e alicerça elementos caros  à humanidade tende a desaparecer. Sei que os hamburgueres e as comedias românticas americanas parecem estar em todo lugar. Entretanto, cada vez  em mais lugares no planeta pessoas ajoelham-se em direção a Meca 5 vezes por dia.      











                           

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Assassinatos na madrugada



O incendio na boate Kiss em Santa Maria , RS, matou 237 pessoas. Todos os noticiários falam em tragédia. E assim parece ser: quase cem por cento dos mortos são de jovens , estudantes ou não mas que tinham toda a vida pela frente. O que eu pretendo é chamar atenção para o conceito do que seja uma tragédia. Para os gregos, era o evento inesperado que trazia infortúnio para uma pessoa, família, cidade, etc.  Ora, por mais terrível que tenha sido o caso, de maneira nenhuma foi inesperado. Ali aconteceu o que comumente chamamos de "tragédia anunciada", e a isso os gregos davam o nome de drama.
Drama alavancado por uma rede de corrupção tão comum em nosso país que tem até tabela de preços: X$ para expedir um alvará sem vistoria , X$ para acelerar os procedimentos, X$ para vista grossa quanto a capacidade de lotação do local e por aí vai. Somemos a isso a incapacidade da nossa sociedade de oferecer diversão de melhor qualidade em ambientes mais confortáveis. Tudo o que se tem é musica de qualidade duvidosa e álcool à  vontade. E todos em pé, amontoados quase que um sobres os outros, e todos achando aquilo a melhor madrugada de suas vidas.   Nos estádios de futebol não é diferente: suor e desconforto. Mas o Neymar é craque e ganha milhões. Mas o Lucas foi vendido para a Europa e ganha milhões. Mas o Felipão foi escolhido para dirigir a seleção brasileira e vai ganhar milhões. E as gentes sem moral nem para exigir uma cerveja um pouco melhor, um espaço um pouco mais amplo, um atendimento um pouco mais respeitoso.  


Não, infelizmente não foi uma tragédia. Essa acontece apesar de nós. Foi um drama, e esse acontece porque somos fracos, indignos, sem amor-próprio. Fossemos cidadãos, não seriamos tão levianamente conduzidos para cabinas de  votação nas quais somos levados a escolher o menos pior. Fossemos cidadãos, nossos representantes , todos e quaisquer, seriam os melhores entre nós.