terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Assassinatos na madrugada



O incendio na boate Kiss em Santa Maria , RS, matou 237 pessoas. Todos os noticiários falam em tragédia. E assim parece ser: quase cem por cento dos mortos são de jovens , estudantes ou não mas que tinham toda a vida pela frente. O que eu pretendo é chamar atenção para o conceito do que seja uma tragédia. Para os gregos, era o evento inesperado que trazia infortúnio para uma pessoa, família, cidade, etc.  Ora, por mais terrível que tenha sido o caso, de maneira nenhuma foi inesperado. Ali aconteceu o que comumente chamamos de "tragédia anunciada", e a isso os gregos davam o nome de drama.
Drama alavancado por uma rede de corrupção tão comum em nosso país que tem até tabela de preços: X$ para expedir um alvará sem vistoria , X$ para acelerar os procedimentos, X$ para vista grossa quanto a capacidade de lotação do local e por aí vai. Somemos a isso a incapacidade da nossa sociedade de oferecer diversão de melhor qualidade em ambientes mais confortáveis. Tudo o que se tem é musica de qualidade duvidosa e álcool à  vontade. E todos em pé, amontoados quase que um sobres os outros, e todos achando aquilo a melhor madrugada de suas vidas.   Nos estádios de futebol não é diferente: suor e desconforto. Mas o Neymar é craque e ganha milhões. Mas o Lucas foi vendido para a Europa e ganha milhões. Mas o Felipão foi escolhido para dirigir a seleção brasileira e vai ganhar milhões. E as gentes sem moral nem para exigir uma cerveja um pouco melhor, um espaço um pouco mais amplo, um atendimento um pouco mais respeitoso.  


Não, infelizmente não foi uma tragédia. Essa acontece apesar de nós. Foi um drama, e esse acontece porque somos fracos, indignos, sem amor-próprio. Fossemos cidadãos, não seriamos tão levianamente conduzidos para cabinas de  votação nas quais somos levados a escolher o menos pior. Fossemos cidadãos, nossos representantes , todos e quaisquer, seriam os melhores entre nós. 
      





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