terça-feira, 28 de outubro de 2014

Ingênua esperança.


A historia do Brasil, e da América Latina como um todo, é um vai e vem de encruzilhadas. Alternam os países da região períodos de pura utopia com iguais da mais pura ressaca econômica. Depois de anos de crescimento alto, impulsionados pelos bons preços das commodities e a entrada  da China como consumidor com dinheiro para gastar, à  popa desse barco começará a faltar vento. 
O preço das materias primas não param de cair. Os chineses apertaram um pouco o cinto. A Europa enfrenta seus próprios problemas.  A recém-reeleita Dilma Roussef terá pela frente um cenário ainda pior do o que se desenrola até agora.
 As manifestações de junho do ano passado apontaram para uma política da impaciência , para usar o termo de Javier Santiso. Os jovens que saíram às ruas deixaram claro que querem mais e melhores oportunidades de trabalho. Alertaram para a necessidade de incremento do serviço publico, notadamente nas áreas de educação, transporte e saúde. E disseram em megafones que não aceitam esperar.  O PT elegeu sua candidata porque promete realizar tudo isso e mais distribuição justa da riqueza  nacional.    
Sem a bonança do passado, no entanto, a tarefa será, se não impossível, muito difícil. Com menos dinheiro de impostos e uma divida interna assustadora , restará ao governo empurrar com a barriga. Ou ajustar a política fiscal, mas isso significa  pôr um freio nos gastos públicos e fazer passar no Congresso uma reforma tributaria, aquela já há tanto prometida. Não parece haver vontade nem pra uma coisa nem pra a outra. No seu  discurso da vitoria, Dilma anunciou que realizaria as medidas necessárias, mas, infelizmente, ela não é muito conhecida por agarrar-se às próprias palavras. Nem tanto por sua própria culpa , quanto pelo nível complexo de negociações exigidos para satisfazer os desejos de todos os  partidos envolvidos, partidos esses que travam o que querem quando querem e não prestam satisfações a ninguém, nem à Papuda.
Assim, parece que os próximos quatro anos não serão mais do mesmo, apesar dos idênticos atores.  Serão  bem piores!
Espero estar errado, mas lendo o Santiso e seu aviso de que a America abaixo do equador tem um histórico incrível de discursos vazios e nenhuma preocupação com os fatos e os números, a esperança nesse caso é ingênua.         


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